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Como motivar a equipe editorial de uma revista científica

Resumo de um debate na lista CRECS
Outubro 2024

Motivacion-equipo

Josemara Brito , Editora Gerente OJS Magistra, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), inicia um novo tópico na lista de email CRECS:

Como podemos fazer para motivar a equipe editorial de uma revista científica a fim de conseguir um número significativo de submissões de qualidade?

Celvio Derbi Casal, Bibliotecário, Coordenador da Biblioteca do Instituto de Psicologia, Serviço Social, Saúde e Comunicação Humana (IPSSCH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), oferece uma primeira resposta:

Olá Josemara e colegas,
Certamente há várias estratégias possíveis. Sempre aposto na circulação da informação e na sintonização.

Na minha experiência, por vezes vamos tocando o trabalho que nos cabe (geralmente muito) e destinamos pouca atenção à capacitação e sintonização dos grupos e pessoas envolvidos nos processos interdependentes da atividade editorial. Por isso, penso ser importante o processo constante de reflexão, estabelecimento e avaliação de políticas, processos, procedimentos e papéis, com foco em boas práticas. Sempre é necessário repactuar essas práticas, mesmo que a equipe seja a mesma, pois o cenário é sempre dinâmico.
Pensando na linha da divulgação, enumero algumas práticas que considero boas:

-A presença e consistência nas redes sociais têm potencialidades de impacto interessantes. Por exemplo, divulgar bem as chamadas para dossiês temáticos, números especiais e regulares. Bem como o sumário do número atual, do editorial ou mesmo postagens para cada artigo;
-Presença em redes com o researchgate, com cadastro dos artigos da revista (mesmo que sem o pdf, apontando para o DOI);
-Manifestações eventuais e amplamente divulgadas dos editores sobre o compromisso ético da revista e posicionamentos frente à eventos e notícias atuais no escopo temático da publicação;
-Publicizar o processo de submissão, as indexações, os padrões, o escopo e a avaliação da revista;
-Divulgar recomendações aos pareceristas em relação à avaliação de plágio, autoplágio e ineditismo. Isso contribui para os autores avaliarem a possibilidade de submissão;
-Manter políticas explícitas quanto a aceitação ou não da presença de trechos dos manuscritos submetidos em teses e dissertações disponibilizadas em repositórios institucionais, em relação aos critérios de ineditismo e originalidade (explicitar o posicionamento da revista quanto a essa questão). Isso ajuda egressos de cursos de mestrado e doutorado a avaliarem a submissão de suas pesquisas para dissertações ou teses, reescritas como artigos;
-Manter e divulgar bem informações sobre as políticas editoriais, tais como a possibilidade de arquivamento da versão publicada em repositórios institucionais e em redes sociais acadêmicas, acesso aberto;
-Presença nos diretórios de políticas editoriais como Diadorim e Sherpa-Romeo.
-Manter um banco de dados atualizado e exaustivo de potenciais parceristas;
-Rapidez na resposta a questionamentos e dúvidas dos autores. Rapidez e transparência nos fluxos de avaliação. Isso pode influenciar muito na divulgação direta da revista.

Dito isso, voltemos à realidade das revistas científicas brasileiras: é muito difícil estabelecer planos de divulgação, identidade visual, presença digital, interações rápidas, quando todo o ecossistema de publicações se assenta no trabalho não remunerado e de alta rotatividade de bolsistas, voluntários, editores e pareceristas. Todos sobrecarregados com suas atividades regulares. Mesmo que todas as opções de divulgação que descrevi acima sejam “gratuitas”, requerem um esforço de coordenação, de debate e estabelecimento de consensos muito elevados. Por isso, não se trata apenas de buscar uma solução, mas de cultivar uma atenção constante para a avaliação e adaptação coletiva.

Entretanto os benefícios de realizar o investimento de tempo e recursos na definição de políticas, processos e procedimentos e manuais detalhados e atualizados e de pactuar e repactuar tudo isso pode resultar em menos retrabalho e sintonia com os processos.

Também gostaria de conhecer e aprender com as estratégias utilizadas pelos colegas para a visibilidade das revistas.

Vera Lúcia Basso, Gestora Administrativa de la Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) comenta:

Nem sempre a equipe editorial atua com muito tempo e dedicação, se desdobram em outras atividades acadêmicas.
Acredito que não se trata de motivação, e sim falta de tempo disponível para essa atividade.
Como sugestão, acredito que para esses profissionais as universidades deveriam estabelecer uma remuneração extra para aumentar o número de horas de dedicação.

Marcelo Barcellos da Rosa, Profesor del Departamento de Química, de la Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, Rio Grande do Sul, nos cuenta:

Criei duas revistas aqui na UFSM (em 2010).Por um ano fizemos ampla divulgação pra conhecerem as revistas, abrimos edições especiais com Programas de Pós-Graduação (PPG’s), convidamos grupos de pesquisa e fomos bem brandos (coração de mãe) nas avaliações.

Com rejeição de +/- 10% dos artigos que entravam. O nível foi baixo no início, admitimos. Mas o foco foi divulgação da revista.
Em 3 anos já começamos a ser procurados nacionalmente.
Atualmente a rejeição dos artigos está em 30-40%.
Ter DOI ajuda muito. Cria a ideia de credibilidade e rastreabilidade.

Sugestões:

– se aproximar de PPG’s… muitas vezes as coordenações têm artigos represados, na gaveta, que podem ser publicados.
– Convidamos uma especialização em educação ambiental com mais de 200 artigos (ainda em CD) e selecionamos uns 30 pra começarmos a revista (2 edições no ano com 15 artigos cada).

Enfim, uma ampla divulgação é fundamental.

Tem muito professor que não publica nada e precisa de “pontinhos” pra progressão funcional… boa oportunidade pra motivá-los a suar um pouco e ajudar a revista.
Na minha opinião toda revista no início deve ter um “núcleo duro” de colegas que segurem a onda da revista. Traduzindo, respeitar prazos, ser claro na troca de informações com os autores (não deixar autor no vácuo) e ter uma comunicação interna eficiente.
Desejo sucesso nesse desafio.

Mais tarde intervém Polyana Gentil Penna, Editora Chefe e Gerente de Projetos, Setor de Editoração Científica (SEDIT) do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Brasília.

Boa tarde a todos,
Embora a remuneração tenha um impacto positivo, a realidade brasileira torna improvável sua implementação sem captação de recursos específicos.

Nossa experiência com nossos periódicos mostra que o incentivo à equipe editorial está fortemente ligado ao reconhecimento do trabalho realizado. Buscamos envolver a equipe em todo o processo editorial, criando um senso de pertencimento.

Independentemente disso, um número significativo de submissões de qualidade me leva a refletir:

As submissões são feitas por autores externos ao processo editorial, sobre os quais não temos controle direto. Isso está intrinsecamente ligado ao impacto do periódico. É neste contexto que vejo a importância de uma equipe coesa e bem entrosada.
São a política editorial clara, a transparência no processo, a boa comunicação e a eficiente divulgação científica que atrairão submissões de qualidade. O foco não deve ser necessariamente em um grande número de submissões, mas sim na sua relevância e contribuição para a área.
Uma equipe editorial engajada e processos bem definidos são fundamentais para atrair trabalhos de alto nível.

Recopilación de textos realizada por Tomàs Baiget
https://www.directorioexit.info/ficha46